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MITO OU VERDADE: Somente o fabricante do equipamento possui os componentes originais

Hoje em dia, encontramos diversas opções no mercado para conserto de equipamentos eletrônicos industriais, seja diretamente com o fabricante ou através de inúmeras empresas especializadas em reparos. Um argumento frequentemente utilizado pelos fabricantes, sobretudo como estratégia de marketing direcionada a consumidores com menor familiaridade técnica, é a alegação de que apenas eles possuem os componentes originais para o conserto de seus equipamentos. Neste artigo, exploraremos o processo de desenvolvimento de um equipamento eletrônico e entenderemos por que essa afirmação não é verdadeira.

Quando se inicia o desenvolvimento de um projeto eletrônico, mesmo os engenheiros que trabalham em empresas fabricantes de componentes precisam adquirir componentes de diversos outros fabricantes. É inviável que uma única empresa produza todos os milhares de componentes eletrônicos que compõem um equipamento. Para exemplificar, ao desenvolver o projeto de um dispositivo, os engenheiros, ao identificarem a necessidade de componentes específicos, procuram no mercado aqueles que atendam suas exigências de qualidade, custo e de fabricantes reconhecidos. Adicionalmente, é avaliado se o fabricante oferece suporte ao desenvolvimento do projeto.

Uma analogia para esse processo seria imaginar engenheiros em um supermercado. Cada corredor representa um fabricante diferente e, nas prateleiras de cada corredor, estão dispostos milhares de componentes específicos daquele fabricante. Conforme as necessidades do projeto, os engenheiros selecionam os componentes mais adequados.

Em minha experiência com o desenvolvimento de produtos eletrônicos no ramo de elevadores e sensores, pude observar esse processo em ação. Por exemplo, ao escolher um microcontrolador para um projeto de sensor, considerou-se se o fabricante oferecia o melhor preço do mercado e se disponibilizava engenheiros para oferecer suporte técnico, agilizando o desenvolvimento graças ao respaldo do fabricante do microcontrolador.

Independente da finalidade ou do fabricante do equipamento, ele é composto por componentes produzidos por diferentes empresas. Na imagem abaixo, destacamos alguns desses fabricantes de componentes eletrônicos.

Os fabricantes de componentes tendem a priorizar os clientes que adquirem em grandes volumes. Assim, para empresas de manutenção, muitas vezes não é viável adquirir diretamente do fabricante quando se trata de quantidades menores. Em alguns projetos, como o do sensor no qual estive envolvido, optou-se por não comprar diretamente do produtor do componente. Neste contexto, surgem os distribuidores de componentes eletrônicos como intermediários vitais para esse processo.

Na Scomptec, quando a necessidade é de uma quantidade moderada de componentes, priorizamos a aquisição através de dois distribuidores americanos de renome mundial:

Para componentes que adquirimos em maiores quantidades, optamos por comprar de distribuidores no Brasil que adquirem diretamente dos fabricantes de componentes. Alguns deles são:

Estes distribuidores renomados atuam como intermediários entre aqueles que desenvolvem projetos de equipamentos e os que reparam equipamentos usando componentes originais.

Para ilustrar, apresentaremos uma placa de um equipamento industrial, especificamente um CNC, e demonstraremos que os componentes nela presentes provêm de diversos fabricantes:

A imagem acima mostra uma placa que serve como interface entre um CNC, seu teclado e as entradas/saídas da máquina. Nessa placa, podemos destacar duas observações. À exceção do componente circulado em amarelo, todos os demais não são produzidos pela empresa que desenvolveu a placa. Vamos ressaltar dois que são facilmente visíveis: os componentes circulados em vermelho são fabricados pelas empresas Texas Instruments e Fairchild. Nos encapsulamentos destes componentes, é possível identificar claramente os símbolos desses fabricantes:

O componente circulado em amarelo é um microcontrolador dedicado, fabricado e desenvolvido pelo próprio criador do equipamento. Esse componente é exclusivo, não sendo comercializado, e apenas o fabricante possui acesso a ele. No entanto, nos raros casos em que o reparo envolve esse tipo de componente, muitas vezes se torna mais prático substituir a placa inteira devido aos altos custos associados ao reparo. É improvável que até mesmo assistências técnicas autorizadas pelo fabricante tenham esse componente para substituição, dada sua raridade e a inviabilidade econômica do reparo.

É importante mencionar que algumas empresas já conseguem contornar tais barreiras, mesmo em microcontroladores dedicados e programados. Elas são capazes de extrair a programação desses componentes usando equipamentos avançados. Embora seja uma prática questionável do ponto de vista ético, a extração do firmware de um componente protegido pelo fabricante já é uma realidade.

Outro exemplo evidente da utilização de componentes de fabricantes distintos é encontrado em uma placa-mãe de um CNC:

Entre as centenas de componentes de diferentes fabricantes na placa, dois controladores da empresa VIA se destacam:

Afirmar que apenas o fabricante pode fornecer componentes originais é um mito e não corresponde à realidade.
Há uma distinção significativa entre empresas que focam na substituição de placas eletrônicas completas e aquelas que se concentram na troca de componentes eletrônicos individuais. Empresas que priorizam a substituição de placas, geralmente os próprios fabricantes de equipamentos, podem presumir que outras empresas também precisam de placas inteiras. No entanto, aquelas capacitadas para reparos a nível de componentes não necessitam de placas completas, mas sim dos componentes eletrônicos, que estão disponíveis no mercado para qualquer interessado.
Realizar reparos a nível de componentes não é um trabalho para qualquer empresa; exige profundo conhecimento em eletrônica e um estoque adequado. Na Scomptec, somos especializados em reparos a nível de componentes. Em 2023, alcançamos a impressionante marca de 7.000 ordens de serviço, ou seja, mais de 7.000 equipamentos já passaram pelas nossas mãos nos 7 anos de atuação da empresa. A vasta maioria desses equipamentos foi reparada a nível de componentes, e um fato notável que atesta nossa elevada capacidade técnica é que todos esses serviços foram realizados sem qualquer apoio dos fabricantes dos equipamentos com os quais trabalhamos.
Celso Scomparim Júnior
Diretor e fundador da Scomptec
18 anos de experiência no reparo de equipamentos eletrônicos
Embasamento sobre o desenvolvimento de produtos eletrônicos: Experiência de 3 anos adquirida trabalhando diretamente com o desenvolvimento de produtos eletrônicos na indústria.